Atriz de Baldur’s Gate 3 critica falta de reconhecimento dos dubladores na indústria de games
A atriz Samantha Béart, responsável pela voz da personagem Karlach em Baldur’s Gate 3, destacou recentemente a desconexão entre o valor que os jogadores dão aos atores e como eles são tratados pela indústria. Em entrevista concedida durante o Golden Joysticks, Béart revelou que os profissionais de voz ainda enfrentam desafios significativos de reconhecimento no desenvolvimento de games.
‘Existe uma estranha desconexão entre a atitude dos desenvolvedores sobre onde nos encaixamos no ecossistema — onde não somos realmente parte da equipe — versus os jogadores, que nos veem muito como a linha de frente. Mais parecido com filmes e TV’, explicou a atriz de Baldur’s Gate 3. Segundo ela, os atores ainda são vistos como ‘terceirizados’ pela maioria dos estúdios, apesar da conexão profunda que os jogadores criam com suas interpretações.
Béart também destacou como os dubladores têm reagido a esse cenário desafiador: ‘Sinto que temos usado as mídias sociais e algoritmos como arma para combater isso. Porque acho que ainda somos vistos como terceirizados na maior parte do tempo’. O sucesso de Baldur’s Gate 3 tem sido um exemplo positivo de como a comunidade pode valorizar esses profissionais, com atores como Neil Newbon e Amelia Tyler tornando-se verdadeiros embaixadores do jogo.
Vale destacar que o nível de envolvimento dos atores varia conforme o projeto. No caso específico de Baldur’s Gate 3, o elenco realizou um extenso trabalho de captura de movimento (mocap) e colaborou diretamente com os roteiristas no desenvolvimento dos personagens, criando uma experiência muito mais imersiva. Em outros títulos, os atores podem ter uma participação mais pontual, focada apenas nas gravações de voz.
A situação se torna ainda mais complicada com a crescente ameaça da inteligência artificial na indústria. Diversos executivos de grandes empresas têm demonstrado interesse em utilizar IA para gerar performances infinitas sem precisar remunerar adequadamente os atores. Um caso emblemático foi protagonizado pelo CEO da Amazon Games, que chegou a afirmar que a IA não afetaria o trabalho dos atores porque ‘para jogos, não temos realmente atuação’ — declaração que causou indignação entre os profissionais do setor.
A discussão levantada por Béart ressalta a necessidade de maior reconhecimento para esses profissionais que dão vida aos personagens que tanto amamos nos games, especialmente em um momento em que a indústria enfrenta debates críticos sobre o uso ético da inteligência artificial.
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